Por Adriane Garcia.
Detesto ler em PDF, eu dizia. Odeio ler em tela.
Nada substitui o livro de papel. Acho que não vou me adaptar ao e-book. Tudo
isso eu dizia daquele jeito que costumamos dizer muitas coisas: antes de
conhecê-las, preconceituando.
Acontece que eu já lia em tela o dia inteiro sem
me dar conta, em vários intervalos do dia eu estava de olho na tela do celular.
E em períodos de maior ou menor desequilíbrio, esse tempo aumentava ou
diminuía. Leitura de posts, passadas de imagens, segundo a segundo, leitura
rápida, absorção quase nenhuma, um ou outro texto relevante no meio de
cinquenta repetições. Vício.
Um dia li que a luz da tela interferia no sono.
Interfere mesmo. Quando eu levava o celular para a cama e entrava em redes
sociais eu tendia a dormir muito mais tarde. Eu estava trabalhando para os
algoritmos até nas minhas horas de sono. Passei a levar o livro de volta para a
cama. Celular na sala. Ao contrário da luz de tela, o livro à noite costuma
induzir ao sono. Dependendo do livro, em qualquer hora do dia.
Depois, meu marido me presenteou com um kindle.
Passei a usar a luz da tela que reduz o sono a meu favor. Nada de redes sociais
à noite. Ajusto a luz do kindle para noturna, confortável. Já li livros e mais
livros nele. Inclusive é uma beleza para livros muito grossos e para sublinhar
trechos. Os livros de papel ficaram para o dia. Melhor nem pior. Diferente.
O mais importante? A boa e
velha leitura. Aquela de um texto inteiro, que conta uma história, que entra em
outros mundos, que apresenta chaves de reflexões, que aprimora a nossa quase
perdida concentração. Leitura densa, verdadeira, que não é esquecida um segundo
depois.
Adriane Garcia
Poeta, nascida e residente em Belo
Horizonte. Publicou Fábulas para adulto perder o sono (Prêmio Paraná de
Literatura 2013, ed. Biblioteca do Paraná), O nome do mundo (ed. Armazém da
Cultura, 2014), Só, com peixes (ed. Confraria do Vento, 2015), Embrulhado para
viagem (col. Leve um Livro, 2016), Garrafas ao mar (ed. Penalux, 2018), Arraial
do Curral del Rei – a desmemória dos bois (ed. Conceito Editorial, 2019) e
Eva-proto-poeta (ed. Caos & Letras, 2020).
Outras
informações:
Sou formada em História pela UFMG e pós-graduada pela UEMG
em Arte-Educação. Também tenho formação técnica em teatro pela PUC Minas.
Agradecemos a querida Adriane Garcia pela colaboração. Admiramos muito sua escrita que caminha bem em todas as letras. Gratidão!
ResponderExcluirObrigada, querida. Vamos sempre aprendendo umas com as outras. Também gosto muito de suas crônicas. Foi um prazer participar deste espaço.
ExcluirExcelente texto, parabéns à autora!
ResponderExcluirObrigada, Jaime.
ExcluirBoniteza de texto! 💜💜💜💜💜
ResponderExcluir