Pular para o conteúdo principal

Visualizações:

Carnaval Cordel

 


Estrofes de cordel por Bento Vieira Sales.


Quando chega o Carnaval

Me exalto e logo o saúdo,

Danço o dia e a noite inteira

Para me esquecer de tudo.

Depois eu quero lembrar

As alegrias do Entrudo.

 

O ano somente começa

Bem depois do Carnaval.

É a catarse do espírito

Neste festejo carnal.

Não é mais somente um dia:

Tem duração semanal.

 

Todo mundo se envolve

Ou no baile, ou na tevê;

O folião se extravasa

Indo até o amanhecer.

Se você for estrangeiro,

Te convido a conhecer.

 

O Carnaval

Carnaval é uma festa popular anual pagã, de origem cristã, que ocorre três dias antes da Quaresma e termina na Quarta-feira de Cinzas.

          A etimologia de carnaval vem do latim clássico carnislevare, que é a justaposição das palavras carnis, que significa carne, com levare, que quer dizer levar, tirar afastar, ou seja, traduzindo literalmente, significa “abstenção da carne”. É que, com a Quaresma, se iniciava o jejum carnal. Quando chegou ao Brasil, no século XVII, trazido pelos portugueses, era denominado de Entrudo, do latim introtus, que significa introdução.

          A data do Carnaval, que poderá ser em fevereiro ou março, sempre é determinada conforme a Páscoa, que é celebrada depois da Lua Cheia, que ocorre após o equinócio de primavera no hemisfério norte. Definida esta data, retrocede-se 46 dias no calendário, então se chega à Quarta-Feira de Cinzas. Os três dias anteriores são correspondentes ao período do Carnaval. Por duas vezes, ocorreu em mês diferente: em 1892, que foi realizado em junho, por alegação do lixo gerado e em 1912, que fora transferido para abril, por causa da morte do Barão do Rio Branco na véspera. No entanto parte dos foliões não obedeceram o adiamento e fizeram o Carnaval em duas datas.  Este ano, 2021, devido à Pandemia da Covid-19, ainda não se decidiu se será cancelado ou adiado. Vale lembrar que, apesar de estar destacada com a cor vermelha a Terça-feira de Carnaval, indicando o feriado, não é oficial, mas apenas, uma folga carnavalesca.

          A origem do Carnaval remonta à antiguidade, em que se fazia festas em homenagem aos deuses, onde se se permitia a alteração na ordem social. Na Babilônia do século XXVI a.C., nas festas da Saceias, era permitido a um prisioneiro se transfigurar em rei, tendo todos os seus privilégios e regalais durante três dias; no fim do festejo, era morto. O rei babilônico também era agredido e humilhado no templo do deus Marduk para demonstrar sua inferioridade diante do ser divino. Na Grécia, havia grandes festas em homenagem a Dionísio (Baco na mitologia romana), deus do vinho, em que eram caracterizadas pela embriaguez e pela entrega total aos prazeres da carne. Em Roma, as que têm mais semelhança com o Entrudo moderno são as Saturnálias, que eram festanças em homenagem ao deus Saturno, realizadas em dezembro, e as festas de Lupercália, ocorridas em fevereiro, que celebravam as divindades infernais e da purificação. Estas festas duravam dias com comidas, bebidas e muitas danças com máscaras.

          Os colonos portugueses trouxeram o Carnaval para o Brasil por volta do século XVII. Porém tinha característica de brincadeira meio violenta, que consistia em as pessoas arremessarem umas nas outras, água, pó, cal, ovo, urina e tudo que estivesse ao seu alcance. Como as capitanias mais desenvolvidas eram Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, cada uma absorveu bem a festa popular e a adaptou às peculiaridade telúricas.

          O primeiro baile de Carnaval no Brasil ocorrera em 1840. Daí em diante, iniciou-se a formação de blocos, de cordões e dos ranchos, que eram grupos de pessoas que saíam fantasiados pelas ruas cantando e dançando. A princípio, produziam sons e cantavam músicas europeias, que não tinham semelhança com samba, tampouco com o Carnaval. Porém, em 1899, a compositora Chiquinha Gonzaga compôs a primeira marchinha de Carnaval, que foi a música “Ô abre alas”, feita sob encomenda para o cordão Rosa de Ouro, o que mudou radicalmente o ritmo da folia. Em 1929, criou-se no Rio de Janeiro a primeira escola de samba, denominada de “Deixe Falar”, hoje “Estácio de Sá”. Com o advento do rádio, as marchinhas caíram nas graças do povo, todavia, na década de 60, elas foram substituídas pelo samba-enredo nas escolas de samba; ficaram apenas nos blocos de rua.

       Praticamente o mundo inteiro festeja o Carnaval, no entanto, de forma primitiva e amalgamado com o folclore local. No Brasil, esta festa popular pagã se transformou num fenômeno gigantesco, que chega a ser sinônimo do País no exterior. O frevo em Pernambuco, a micareta na Bahia, os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro, em São Paulo e em muitos outros estados, inclusive no Amazonas, são ótimos e tentadores roteiros turísticos brasileiros.


Bento Vieira Sales nasceu em 21 de março de 1968 na cidade de Independência, estado do Ceará. Alfabetizou-se no Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). Em 1983, mudou-se para Brasília, onde começou os estudos formais. Voltou para sua cidade natal no ano seguinte e, fazendo cursos supletivos, concluiu o ensino fundamental (antigo primeiro grau) em 1986. Em 1987, então com 18 anos, foi para a cidade de Amparo, estado de São Paulo, porém não estudou em razão de não encontrar vaga. Em 1988, mudou-se para Manaus, Amazonas, onde recomeçou os estudos, concluindo o nível médio (antigo segundo grau) em 1990. Após várias tentativas em outras áreas, em 1996, conseguiu passar no vestibular para Letras, Língua Portuguesa da Universidade Federal do Amazonas, concluindo em 2000.  A poesia está na genética e genealogia familiar tanto da parte paterna quanto da materna. Escreve cordel, conto, música, poemas em geral, como soneto, haicai e etc. Publicou um cordel impresso intitulado O País do Faz-de-Conta, que já está na segunda edição.


Comentários

  1. Nosso agradecimento ao Bento Sales pelas estrofes de Cordel e o artigo. Muito obrigada!

    ResponderExcluir
  2. Mais uma participação do poeta Bento Sales. Sempre surpreendendo

    ResponderExcluir
  3. O cordel é mesmo sensacional!. Parabéns, Cissa e Bento Sales, pela ótima iniciativa!

    ResponderExcluir
  4. Que maravilha de texto e cordel!

    ResponderExcluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Eu que agradeço pela oportunidade e consideração de sempre. Ficou, deveras, maravilhoso! O Carnaval em prosa e verso. Valeu!

    ResponderExcluir
  7. Parabéns primo Bento Sales.

    ResponderExcluir
  8. Parabéns mano Bento Sales,como sempre formidável!!👏👏

    ResponderExcluir
  9. Que maravilha de postagem! Parabéns ao autor e aos editores pela criatividade!

    ResponderExcluir
  10. Parabens! Grande poeta e amigo, Bento Sales. Você é fera no repento. Um texto fiel aos seus dotes poeticos. Forte abraco! Troya D'Souza.

    ResponderExcluir
  11. Parabéns pelo trabalho de ambos!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

E-book de poesia: Aos pássaros em voo o céu não tem limites

  AOS PÁSSAROS EM VOO O CÉU NÃO TEM LIMITES Autoria: Patrícia Belmonte Gênero: Poesia Formato: PDF (2,29 mb) Número de páginas: 89 ISBN nº  978-65-00-25232-3 Mês e ano de publicação: Junho de 2021 SOBRE A OBRA O livro digital Aos pássaros em voo o céu não tem limites , é o primeiro título da autora gaúcha Patrícia Belmonte. Dividido em três partes, ‘Eu Poesia, ‘Noite’ e ‘Dia’, a autora coloca os sentimentos e a vontade de ajudar no processo de cura e renascimento das pessoas que passaram pela depressão. Aos pássaros em voo o céu não tem limites é mais do que um e-book de poesias e aforismos, é uma experiência que leva o leitor a desafiar as próprias barreiras.                                                                Ana Cecília Romeu, editora Confira um pouco do que você vai encontrar no e-book: Coração não bate em pedaços Coração é casa inteira Sangue só corre com a brisa Metades não completam caminhos. Chuva é que faz crescer Noite e dia Silêncio e solidão também são compa

E-book de poesia: Fábulas para adulto perder o sono

  FÁBULAS PARA ADULTO PERDER O SONO Autoria: Adriane Garcia Gênero: Poesia Formato: PDF (4,34 mb) e                    E-PUB (610 KB) Número de páginas: 98 ISBN nº  978-65-00-29979-3 Mês e ano de publicação: Setembro de 2021 SOBRE A OBRA Edição digital do livro FÁBULAS PARA ADULTO PERDER O SONO, de autoria da poeta mineira Adriane Garcia, vencedor do Prêmio Paraná de Literatura em 2013 na categoria poesia. Nesta obra, os poemas de Adriane Garcia lançam novo olhar a fábulas conhecidas. Paródias que ressignificam, provocam e instigam em versos construídos de forma a criar sobreposição a modelos morais. Encanto e insônia; ironia, dor, pesadelo, sonhos, a busca e a ausência deles. Poesia que apresenta novo caminho; mas não propõe atalho encantado. Constrói-se num franco e inteligente jogo de histórias a ser concluído pelo adulto de todos os tempos. Esta edição conta com ilustração de capa da artista Bruna Mitrano e novo projeto gráfico digital da Camino Editorial. Ana Cecília Romeu, editor

E-book bilíngue: Janela da Poesia/Ventana de la Poesia

  JANELA DA POESIA/VENTANA DE LA POESIA (2 livros em 1) Autoria: Ana Cecília Romeu Gênero: Infantil Formato: PDF (9,9 mb) Número de páginas: 32 ISBN nº  978-85-77-27790-2 Mês e ano de publicação: Outubro de 2021 SOBRE A OBRA Primeira edição em livro impresso: Janela da Poesia (Palmarinca, 2015), agora chega na sua segunda edição em sua versão digital e bilíngue: português/espanhol pela Camino Editorial. Com atividades para colorir, desenhar e escrever. O menino Peteleco e suas amigas Carminda e Bonequinha terão de enfrentar cinco desafios para encontrar a Janela da Poesia, mas precisam de sua ajuda! Vamos acompanhar essa turminha! Livro ideal para crianças de até nove anos de idade, ou adultos em fase de alfabetização.   SOBRE EL LIBRO   Libro infantil bilingüe: portugués y español. Con actividades para colorear, dibujar y escribir. El niño Pablito y sus amigas Carolina y Muñequita deben cumplir cinco retos para encontrar la Ventana de la Poesía. ¡Ellos necesitan tu ayuda! ¡Vamos a ayu