Por Jaime Guimarães.
O avanço das novas tecnologias digitais no
cotidiano promove uma verdadeira transformação em nossos hábitos e costumes. Os
conceitos relativos a tempo e espaço, bem como de percepção de mundo, foram
modificados em comparação há algumas décadas.
Neste cenário todos os meios e suas linguagens
passam por mudanças significativas que, diferentemente de outros períodos
históricos, acontecem com extrema rapidez. Ao contrário do que muitos previram
de forma exagerada, a TV, o teatro, o cinema e o rádio não “chegaram ao fim”,
mas se reinventaram – inclusive na linguagem.
O livro, como suporte para escrita e leitura,
também passou por diversas mudanças ao longo dos tempos. Desde as tábuas de
argila, passando por papiros e pergaminhos até chegarmos às mais modernas
técnicas de impressão, a leitura tornou-se mais acessível e democrática. Como
todos os meios, o livro se reinventa com as novas tecnologias.
São os chamados e-books (electronic books),
ou “livros eletrônicos”. A ideia de transição do impresso ao modelo eletrônico
não é propriamente nova: em 1971 surgiu o projeto Gutenberg, que criou a
primeira biblioteca digital do mundo, com a digitalização de vários livros ao
longo dos anos e de domínio público, ou seja, todos podem acessar livremente.
Mas havia um problema: a leitura em grandes computadores é desconfortável e
muito cansativa para os olhos devido ao brilho irradiado pelos monitores.
No final do século XX surgiram novos suportes para
os livros digitais, bem como arquivos que tornam a leitura destes mais próximas
à experiência de ter um livro tradicional em mãos. Com a tecnologia dos smartphones
e tablets se popularizando, os formatos digitais como PDF e EPUB também
se tornaram mais conhecidos. O e-reader, ou leitor de livros digitais, é
um dispositivo que torna possível a leitura destes livros com o mesmo conforto
que poderíamos ter com as edições de papel, pois uma das maiores dificuldades
para os leitores foi resolvido: o e-reader não possui luz na tela,
protegendo os olhos do filtro de luz azul emitida por celulares, tablets
e notebooks.
Falando em vantagens dos formatos digitais, podemos
aumentar o tamanho da fonte, além de personalizar espaçamentos e margens, o que
favorece a leitura para muitas pessoas com dificuldades de visão ou dislexia,
por exemplo. Para quem é estudante ou gosta de marcar trechos dos livros, os
marcadores estão disponíveis e, se houver uma palavra desconhecida, a maior
parte dos e-readers apresenta o recurso de pesquisa e índices
interativos, nos quais podemos encontrar o significado e o acesso às notas
rapidamente. Ainda podemos citar fatores como a economia (o custo de um e-book
é mais barato do que um livro impresso), sustentabilidade e o armazenamento de
centenas ou milhares de livros em um único dispositivo.
Os e-books vão acabar com os livros
tradicionais? Não. Da mesma forma que o cinema não acabou com o teatro e a TV
não acabou com o cinema, os livros eletrônicos são produtos da evolução
tecnológica e de novos perfis de leitores formados neste contexto. O incentivo
à leitura se faz abraçando todos os suportes, sejam impressos ou digitais.
Ambos os formatos podem coexistir tranquilamente.
Com os e-books temos a possibilidade de
ampliar e democratizar a leitura. Com a inclusão digital crescente e maior
acesso às textualidades da internet, não percamos a chance de desfrutarmos de
todas as potencialidades que os e-books podem oferecer.
Jaime Guimarães
Professor, desenhista e escreve no blog GROOELAND .
Excelente artigo! Grata, professor Jaime!
ResponderExcluirExatamente isso, grande Jaime. O grande problema da atualidade é a imensa quantidade de estímulos visuais e auditivos que a internet proporciona a cada instante para toda e qualquer pessoa, o que torna a leitura algo nada atrativo e, para quem não a pratica regularmente, algo maçante. Aí depende da pessoa conseguir enxergar essa grande ferramenta de auto engrandecimento que é a leitura, seja em qual formato seja. Abraço, meu caro, e parabéns pela nova empreitada aqui na Camino Editorial.
ResponderExcluirObrigada, Jacques! É vida novo, início por caminhos planejados na companhia de amigos como tu! Grande abraço!
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