Uma
estrofe de cordel por
Bento Vieira Sales.
Natal
É o dia de Natal
de confraternização.
É muito grande a emoção
Nesta data especial.
Mesmo de forma virtual,
Todos se dão cumprimento,
Pois celebra o nascimento
Do Santo Cristo Jesus,
Que ao Céu Ele nos conduz
Com o seu ensinamento.
Literatura de Cordel
O cordel é oriundo das Canções de Gesta medievais, que eram
poesias de temas guerreiros e chegaram à região ibérica através da influência
francesa, que teve nas novelas de cavalarias, o Ciclo Carolíngeo, que narravam
as peripécias de Carlos Magno e os doze pares da França. Faz parte do movimento
literário europeu Trovadorismo, dos séculos VI e VII da nossa era. A literatura
popular nos foi trazida pelos colonizadores portugueses em suas bagagens e
encontrou no Nordeste brasileiro ambiente propício, por razões étnicas e
sociais. A sua etimologia vem de cordel, um pequeno cordão, uma espécie de
barbante fino, utilizado como varal para expor os livretos em vendas e feiras.
Como a Literatura de Cordel teve origem na Península
Ibérica, quando a Espanha colonizou os continentes americanos, trouxeram para
todas suas colônias, no entanto somente sobreviveu no Brasil. Até mesmo em
Portugal já extinto, apesar de um movimento um pouco semelhante denominado de
Descagarrada.
Paulatinamente, o cordel foi deixando de ser cantado para
ser escrito e declamado, o que deu origem ao Repente, que é uma poesia
folclórica feita de improviso e cantada com instrumentos musicais, como viola,
sobretudo nos desafios.
O Nordeste
ofereceu um cenário ideal que tornou forte, atraente e vasta a Literatura de
Cordel. Duas razões foram fundamentais para essa perfeita adaptação. A primeira
consiste nas condições étnicas, que é o encontro do lusitano com o africano
escravo, onde se fez de maneira estável e contínua. Com o tempo, deram-se a
fusão e absorção de influências mútuas. A segunda é o próprio ambiente social
que oferece condições que propiciaram o surgimento dessa forma de comunicação
literária. A difusão da poesia popular através de cantadores em grupo ou forma
escrita.
O cordelista é geralmente de origem humilde, e, sobretudo, de pequena
cidade e da zona rural. Hoje os encontramos nas grandes metrópoles, não só na
região Nordeste, mas também em todo país. O poeta popular, não raramente, além
de artista, é empreendedor: faz o romance, imprime-o em sua tipografia
rudimentar, confecciona a capa (muitas ainda são feitas até hoje com
xilogravura) e comercializa em pontos estratégicos. Agora com o advento do
computador, a impressão está muito mais fácil.
Sou nordestino. Cresci, portanto, ouvindo e assistindo às cantorias, lendo os folhetins e vendo desafios nas festas e datas comemorativas da região. Tenho cordelista e repentista tanto na genealogia paterna quanto materna. O cordel me é genético e adquirido.
Bento Vieira Sales nasceu em 21 de março de 1968 na cidade de Independência, estado do Ceará. Alfabetizou-se no Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). Em 1983, mudou-se para Brasília, onde começou os estudos formais. Voltou para sua cidade natal no ano seguinte e, fazendo cursos supletivos, concluiu o ensino fundamental (antigo primeiro grau) em 1986. Em 1987, então com 18 anos, foi para a cidade de Amparo, estado de São Paulo, porém não estudou em razão de não encontrar vaga. Em 1988, mudou-se para Manaus, Amazonas, onde recomeçou os estudos, concluindo o nível médio (antigo segundo grau) em 1990. Após várias tentativas em outras áreas, em 1996, conseguiu passar no vestibular para Letras, Língua Portuguesa da Universidade Federal do Amazonas, concluindo em 2000. A poesia está na genética e genealogia familiar tanto da parte paterna quanto da materna. Escreve cordel, conto, música, poemas em geral, como soneto, haicai e etc. Publicou um cordel impresso intitulado O País do Faz-de-Conta, que já está na segunda edição. Lecionou algum tempo Português e Literatura, porém, atualmente, é comerciante. Participou do concurso literário Vamos Fazer Poesia de 2019, em Serra Talhada, Pernambuco, promovido pelo poeta e produtor cultural Iranildo Marques. Teve também participação nos livros de cordel coletivo: Cordelistas em defesa da Amazônia, em 2019 e Diga não à violência doméstica, em 2020, organizados pelo poeta Zeca Pereira.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNosso agradecimento ao Bento Sales pela valorosa contribuição a respeito do cordel e na autoria de uma estrofe que muito abrilhantou o Natal da Camino Editorial. Muito obrigada!
ResponderExcluirAmei, sou apaixonada por cordel. Parabéns por este presente 👏👏👏👏
ResponderExcluirGratidão, Patrícia!
ExcluirAmei. Parabéns!
ResponderExcluirEu que sou muito agradecido a você, amiga Cissa, pela lembrança e oportunidade. A postagem ficou maravilhosa. Eu compartilhei o link no grupo da família (Whatsapp). Parabéns a você e à Isabel pela iniciativa. Forte abraço. Feliz Natal a todos!
ResponderExcluirGratidão, Bento! Grande abraço e feliz Natal!
ExcluirMuito bom!!!
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