Por Ana Cecília Romeu.
Papai Noel na pandemia é um sujeito consciente.
Pratica o isolamento social, evita aglomerações, sai de casa apenas quando
necessário e sempre com a máscara e o álcool em gel. Estudou por meses um novo
método de entrega dos presentes que contará com distribuição via aquisições
online. As renas entraram em férias coletivas. Todo esse cenário mexeu com a
cabeça do pobre velhinho que pela primeira vez pedirá presentes.
Papai Noel, até então uma espécie de gênio da
lâmpada que concede desejos e os realiza, ficou reflexivo com o isolamento e
fez sua listinha de desejos. Quer tomar a vacina e que seja distribuída à
população brasileira o quanto antes. Teme por sua saúde e os demais com os
hospitais lotados e o número grandioso de óbitos pelo Covid; teme pelo fim do
SUS; e o descaso do governo.
O bom velhinho está cada vez mais velhinho e no
nosso país não tem a certeza de que irá se aposentar, muito menos como fará sem
o auxílio emergencial, ajuda irrisória mas necessária.
O seguro do seu trenó e as refeições para suas
renas e a dele estão cada vez mais caros. Com seu trabalho paralisado, Papai
Noel teve de reinventar-se, e passou a animar Live para ganhar uns troquinhos,
e nem pode sair às ruas para se manifestar.
Massa de manobra, ele está cansado de ser
brasileiro, embora acredite que “um filho seu não foge à luta”.
O que Papai Noel pediria de presente?
A vacina, até porque sabe que não vai se
transformar em jacaré. Exige respeito e gostaria de um 'Fora' a todos os desgovernos. Quem
sabe os mandar à Lapônia catar coquinhos. Mas as últimas eleições municipais do
Brasil lhe tiraram um pouco as forças...
Todavia Papai Noel resiste, porque é todo o pai e toda a mãe conscientes da situação em que o Brasil se encontra: com duas pandemias. E terá de buscar uma fórmula mágica para comprar o presente de Natal para seu filho; manter a família unida, mesmo que de forma remota; respeitar o protocolo de segurança pelo Covid nas festas de fim de ano. E tentar ser feliz, apesar de tudo.
Ana Cecília Romeu
Publicitária e escritora, editora na Camino Editorial.
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Notável e inspiradora crônica para uma reflexão dos tempos atuais...um feliz natal Ana Cecília Romeu!!!...abraços virtuais...
ResponderExcluirMuito obrigada, Feliz Natal!
Excluirparabéns Ana por tão bela crônica. mais sucesso e um Natal de Paz. bjOs
ResponderExcluirObrigada, minha flor! Feliz Natal!
ExcluirUma ótima crônica. Esse é o sentimento que todos nós estamos alimentando. Bjs.
ResponderExcluirMuito obrigada, querida!
ExcluirPapai Noel, dizem, carrega além do grande saco com presentes, um outro saquinho em que ele distribui o espírito de natal nos lares. Eu creio que o bom velhinho tem receio de desperdiçar o valioso conteúdo natalino com pessoas que pregam armas e desprezam livros, por exemplo; com pessoas que dizem se importar com as famílias e a paz, mas pregam o ódio e destruição. Sem dúvida o bom Noel pediria menos hipocrisia e um exame de consciência e no coração. Um feliz natal para você, minha cronista preferida, e para toda a sua família e que a Camino Editorial ganhe um ótimo presente de natal para prosseguir 2021 com ventos mais tranquilos.
ResponderExcluirMuito obrigada, meu amigo, meu prefacista preferido! Assim seja 🙏 Impossível falar em Natal no Brasil e não tocar em algumas questões... Sigamos!
ExcluirBoa noite, Ana.
ResponderExcluirBela e reflexiva crônica, como sempre.
Acredito que nestes tempos de descrédito da Ciência e aumento no número de pessoas que adotaram o Achismo como filosofia de vida, que o Bom Velhinho nos traga esperança e bom senso, que precisamos mais do que nunca.
Feliz Natal e até a próxima!
Verdade! Assim seja. O achismo virou doutrina, infelizmente. Obrigada, Jacques!
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